Page 24 - Revista EAA - Edição 73
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TECNOLOGIA CAPA
Dessa forma, o Brasil contribuirá para a meta sões e adaptação de combustível, que aumenta-
assumida pelo país na COP21, reduzindo em ram a eficiência e a robustez da tecnologia; em
43% a emissão de GEE. 2009, tivemos a primeira revolução sistêmica
Durante muitos anos, pesquisadores buscam com o aquecimento de etanol em algumas con-
aumentar a eficiência na produção de etanol, dições, eliminando a necessidade de introdução
seja por meio da evolução genética do milho ou de gasolina ao motor para a partida a frio em
da cana-de-açúcar (batizada no Brasil de “cana temperatura ambiente inferior a 18 ºC (final-
energia” ou “supercana”) ou das tecnologias de mente, libertando modelos movidos a etanol
produção do etanol por meio da celulose. Nos da necessidade de combustíveis fósseis), elimi-
Estados Unidos, a produção do etanol a partir nando a necessidade do pequeno reservatório
de celulose teve seu início em larga em 2015. de gasolina. Em 2013, uma outra evolução tec-
O conceito foi batizado alguns anos antes de nológica trouxe o primeiro veículo com injeção
“etanol avançado”, mas hoje é popularmente direta (DI) na plataforma flex. Essa combina-
chamado de etanol de segunda geração, que está ção DI flex permitiu a introdução de motores
evoluindo rápido para conceitos de terceira ge- menores e mais eficientes com a combustão do
ração (frente à primeira geração encontrada hoje etanol. Quando associados a um turbocompres-
nos postos de combustível no Brasil). Outra sor, a redução de consumo e o desempenho do
descoberta importante aconteceu em outubro downsizing são ainda melhores.
de 2016, quando pesquisadores do laboratório Atualmente, outros avanços significativos
de Oak Ridge (Estados Unidos), incidental- estão acontecendo nos veículos flex. Dentre as
mente, conseguiram produzir etanol a partir de evoluções, podemos citar o novo conceito de
CO 2. Apesar da euforia inicial, existem enormes identificação do conteúdo da mistura gasolina-
desafios tecnológicos para viabilizar a sua pro- -etanol a ser injetado, utilizando o próprio siste-
dução em larga escala. ma de aquecimento do etanol (que inicialmente
Do ponto de vista tecnológico, a evolução da foi proposto apenas para partidas a frio). A cria-
propulsão a etanol foi intensificada a partir de tividade e a paixão pela engenharia do brasilei-
2003 com a chegada dos veículos flexíveis em ro foram capazes de explorar as características
Figura 4. Veículos combustíveis, abreviadamente flex, através dos de vaporização da gasolina e do etanol e, sem
atualmente primeiros sistemas com injeção no duto de ad- acrescentar novos componentes, melhorar ainda
utilizados no missão (conhecidos como Port Fuel Injection mais a estratégia de adaptação de combustível e
desenvolvimento de - PFI) desenvolvidos localmente para o novo a robustez dos modelos flex.
tecnologia de ponta conceito. Após evoluções de desempenho, emis- Estudos recentes também mostraram que o
para uso do etanol
24 fevereiro/março/abril