Page 25 - Revista EAA - Edição 73
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conceito chamado de Advanced Port Fuel In-
           jection (A-PFI), basicamente composto por
           dois injetores por cilindro, sistema de vazão
           controlada de combustível e outras duas técnicas
           de injeção (Open Valve injection e Scavenging),
           quando associado ao sistema flex, apresenta ex-
           celentes resultados na redução de consumo de
           combustível. Quando o conjunto foi comple-
           mentado com um sistema de aquecimento, o
           desempenho de partida e a diminuição de emis-
           sões de GEE foram ainda maiores.
             Dentre as pesquisas em andamento mais
           promissoras para o uso de etanol, podemos ci-
           tar a combinação de diferentes estratégias de  sões de material e número de particulado para  Figura 5.
           gerenciamento de motor para eliminar a neces-  outros mercados devem refletir em alguns anos  Infraestrutura e
                                                                                             laboratórios em
           sidade de um sensor de etanol como produto  nas legislações locais. Assim como os processos
                                                                                             constante evolução
           adicional em veículos Turbo PFI, DI, ou turbo  e ciclos de rodagem para avaliação de novos
                                                                                             para atender
           DI. Algumas dessas estratégias já se encontram,  veículos flex, como, por exemplo, o Real Drive
                                                                                             demandas locais
           inclusive, em série. A evolução do conhecimen-  Emissions (RDE), que de maneira simplificada
           to sobre o veículo flex, nesse caso, está também  é um complemento dos testes de emissões nor-
           viabilizando a otimização de custos de sistema,  malmente realizados em laboratório, adiciona
           que deverão refletir tanto para os fabricantes de  na análise de emissões as experiências e ciclos
           automóveis quanto para o cliente final.  em estradas reais.
             Apesar de tanto progresso e novidades, existe   Em resumo, desde a década de 1970, a en-
           muito a ser explorado com o já mencionado sis-  genharia brasileira destaca-se mundialmente
           tema de injeção direta a etanol, apesar de existir  pela criatividade e atitude para fazer diferente,
           desde o início dos anos 2000 e estar em série há  mesmo em um mercado tão volátil e impre-
           três anos em modelos flex. Outro exemplo disso,  visível como o brasileiro. Muitas inovações
           tanto em veículos DI quanto PFI, são as aplica-  foram desenvolvidas no ramo da mobilidade,
           ções com sistemas de compressão variável, que  especialmente para a frota nacional. Somos,
           prometem um horizonte bem promissor para o  até o momento, o único país a adotar o eta-
           uso de etanol. Elevando a taxa de compressão  nol (E100) como energia 100% renovável para
           do motor, que é a relação entre o volume de ar  propulsão. Otimizar a utilização do petróleo,
           aspirado e o volume de ar comprimido antes da  desenvolver o uso do hidrogênio e ampliar a
           combustão, é possível melhorar ainda mais o  eletrificação das propulsões são alternativas
           desempenho e a eficiência do etanol. Quando  energéticas claras para que possamos evitar a
           abordamos o termo compressão variável, pen-  catástrofe do superaquecimento global. Será o
           samos imediatamente no ajuste mecânico da  etanol, diante de tantas evoluções, benefícios
           taxa de compressão, que, por sua vez, nos reme-  e possibilidades, a quarta propulsão mundial?
           te a custo e complexidade. Mas existem outras  Esse é, com certeza, um futuro possível, e, na
           maneiras de viabilizar esta variação, como, por  minha visão, está em nossas mãos continuar
           exemplo, com um turbocompressor, com es-  na posição de protagonistas na história da
           tratégias de aspiração de ar de admissão (por  mobilidade, por meio do uso do etanol com
           exemplo, os ciclos Miller e Atkinson). Sim, exis-  combinações que ainda não inventamos. Co-
           te um mundo a ser explorado.             nhecendo o potencial da engenharia local e o
             Para melhor explorar esse mundo do etanol e  que as pessoas realmente precisam, por meio
           desafios globais com o meio ambiente, as legis-  de planejamento, inspiração e  “transpiração”
           lações brasileiras, a infraestrutura de laboratórios  (trabalho), alcançaremos nossos objetivos.   n
           e o uso de equipamentos adequados precisam  * Fernando de Oliveira Júnior é da Bosch e membro da
           continuar evoluindo. Discussões sobre emis-  Comissão de Motores Ciclo Otto da SAE BRASIL

           fevereiro/março/abril                                                                            25
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